terça-feira, 18 de novembro de 2014

Robótica sem usar o computador


Sucata e peças de brinquedos podem substituir a informática e levar turmas de 8º e 9º anos a entender o funcionamento das máquinas

BOM E BARATO Objetos do dia-a-dia são o suporte para criar carros com máquinas simples, base da robótica. Fotos: Marcelo Kura
Trabalhar com robótica é construir robôs ou outros mecanismos que consigam desempenhar tarefas autonomamente, como se locomover sozinho ou levantar um objeto. Ainda que muitas escolas abordem esse processo utilizando componentes eletrônicos e da informática, o uso de tecnologia sofisticada não é indispensável para apresentar o assunto aos alunos. Ao contrário: muitas instituições conseguem bons resultados apostando em sucata e peças de brinquedos (veja os exemplos no quadro ao lado). 

No Ensino Fundamental, a robótica pode ser, sim, um recurso pedagógico interessante. Mas só faz sentido utilizá-la se for para ajudar no ensino de Ciências - seja pelo contato com os procedimentos da disciplina (observação, pesquisa, investigação e resolução de problemas), seja como um jeito instigante de tratar de conteúdos relacionados às máquinas, como mecânica, movimento e energia.

Parece óbvio, mas muita gente acaba se deixando levar pela novidade das "maquininhas que fazem coisas" e se esquecendo dessa lição. "Quando a finalidade é apenas a manipulação dos robôs, o equipamento vira brinquedo. O tempo gasto em aula com a montagem do maquinário tem de ser o menor possível e deve estar a serviço do aprendizado", afirma Cristian Annunciato, pesquisador da Sangari Brasil, empresa que desenvolve projetos para o ensino de Ciências. Quando esses requisitos são cumpridos, a robótica vira uma aliada para desenvolver o pensamento científico das turmas de 8º e 9º anos. Por seu caráter participativo - quase sempre há a criação de algum modelo ou experimento -, a ferramenta exige que a turma se aprofunde nos conceitos da disciplina para fazer as máquinas funcionarem. "Com o desafio de construir um produto, os alunos elaboram hipóteses e alteram o percurso de pensamento quando erram. Do ponto de vista do aprendizado, essa trajetória é mais estimulante do que receber respostas prontas", explica Cristina Seixas, da Fundação Bradesco de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, que organiza oficinas de robótica para reforçar o interesse pelas Ciências.
Passo-a-passo 

Carro movido a bexiga

Material necessário: bexiga, mangueira ou canudo dobrável, papelão, conjuntos com rodas e eixos, estilete ou arco de serra, tubos redondos de canetas e fita adesiva. 


Foto: Marcelo Kura1 Prenda eixos e rodas no pedaço de papelão. Tome o cuidado de deixar o conjunto rodar livremente, colocando-o dentro de um tubo de caneta.

Foto: Marcelo Kura2 Com a fita adesiva, prenda a bexiga na ponta de um canudo dobrável. Se quiser, use mais de um desses conjuntos para obter mais velocidade.

Foto: Marcelo Kura3 Fixe o conjunto na parte de cima do carro. Não se esqueça de deixar uma ponta do canudo para fora do papelão para poder encher a bexiga.

Foto: Marcelo Kura4 Por fim, dobre a ponta do canudo para cima, de maneira que a bexiga não toque o chão enquanto o carro se movimenta.

Carro movido a ratoeira
Material necessário: carrinho de plástico, chave de fenda, ratoeira, palito de madeira, arame, barbante e parafusos com porcas.

Foto: Marcelo Kura1 Escolha um carrinho de plástico com uma carroceria de ao menos 10 centímetros. Com a chave de fenda, faça dois buracos para fixar a ratoeira.

Foto: Marcelo Kura2 Usando parafusos com porca, prenda a ratoeira em cima do carro. Preste atenção para que o sistema de mola fique na parte traseira.

Foto: Marcelo Kura3 Com arame e alicate, fixe o palito de madeira ao sistema de mola. Prepare o próximo passo, cortando um pedaço de barbante com 50 centímetros.

Foto: Marcelo Kura4 Enrole o barbante, girando o eixo no sentido anti-horário, deixando a mola sob tensão. O carro vai se movimentar por fricção, desenrolando o fio.

Triciclo com motor elétrico

Material necessário: motor elétrico (de brinquedos, escovas de dente elétricas, drives de CD ou DVD), bateria de 9 V com clipe, roda de autorama ou aeromodelismo, conjunto de roda e eixo, cola quente, grafite nº 2 e papelão. 


Foto: Marcelo Kura1 Recorte um pedaço de papelão em formato de trapézio. Prenda o conjunto de roda e eixo na parte traseira, como no exemplo da bexiga.

Foto: Marcelo Kura2 Faça um recorte na parte da frente para a roda girar livremente. Com cola quente, fixe-a ao eixo do motor. Grude o conjunto ao papelão.

Foto: Marcelo Kura3 Ligue o clipe com a bateria ao motor. Se ele girar no sentido contrário ao do movimento desejado, inverta as ligações.

Foto: Marcelo Kura4 Introduza o grafite entre a bateria e o motor. Deixe um dos fios livres para passear pelo grafite, regulando a velocidade do carrinho.
Computador, só com capacitação 

Quem tem treinamento específico na área pode introduzir a informática no trabalho com a robótica. As iniciativas mais disseminadas são as dos kits prontos de robôs, como o que a Lego produz. E há ainda professores mais ligados no mundo digital que preferem desenvolver todo o sistema por conta própria, da programação à montagem dos experimentos (conheça essas duas formas de trabalhar robótica com o computador no quadro acima). 

Entretanto, como já afirmamos no início da reportagem, nada disso é essencial: é possível apresentar o assunto sem muita tecnologia. Pensando especialmente em professores que querem apresentar o assunto às suas turmas, mas têm pouca familiaridade com a informática, esta reportagem apresenta um projeto didático (leia na página seguinte) de uma corrida de carrinhos feita com objetos simples, que pode utilizar as sugestões mostradas no passo-a-passo da página 65. Desafiadora, a atividade faz sucesso entre a moçada, que quer saber por que o desempenho de um competidor foi melhor do que o outro. "A turma é encorajada a entender as vantagens dos mecanismos mais eficientes e a estudar seu funcionamento", diz Maurício Gebran, consultor do Grupo Expoente, de Curitiba, e mestre em Mídia e Conhecimento. Em termos de conteúdo, a proposta foca nas máquinas simples - alavancas, engrenagens, roda e eixo, por exemplo -, existentes mesmo nos sistemas robóticos mais avançados. 

Possibilidades eletrônicas 

Conforme o docente ganha conhecimentos técnicos, é possível refinar os experimentos com o uso de recursos eletrônicos. Valdenilson da Paz Ferreira, professor de Ciências da EE Oliveira Lima, de Recife, construiu com as turmas da 8ª série máquinas com movimento utilizando motores e outros dispositivos elétricos. Uma delas, a esteira rolante, tem componentes mais sofisticados, como sensores de luz, que fazem o motor parar quando algum objeto interrompe seu feixe de transmissão. Mas, em qualquer montagem, Valdenilson sempre ressalta como os conceitos de Ciências estão presentes nas máquinas. "Assim, a atividade pode funcionar como uma porta de entrada para a Física, apresentando alguns temas que serão aprofundados no Ensino Médio e na Universidade", afirma Antonio Cesar Germano Martins, pesquisador da Universidade Estadual Paulista, em Sorocaba.


Dois usos para a informática 

Há duas maneiras de trabalhar com a robótica utilizando o computador como ferramenta. A opção mais comum são kits prontos, como os da Lego, que já vêm com motores, sensores de luz e de toque, engrenagens, pneus e blocos de montagem. Para dar vida a robôs e maquetes, é preciso programar as instruções em um bloco autônomo, elemento que faz a comunicação entre o software e a máquina. O lado bom é a diversidade de máquinas e a formação pedagógica de 100 horas, disponível se o kit for adquirido por um pacote escolar. O ruim é o preço: o kit completo sai por 1.839 reais. O outro caminho, só para iniciados, é criar todas as partes do processo. As peças do robô vêm da sucata, os programas que controlam os movimentos e a velocidade da máquina (como o Klogo, da Linux) são gratuitos e as interfaces, como o Cyberbox ou a X-Interface, custam em torno de 100 reais.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Diretor de educação dos EUA: tecnologia acelera aprendizado na escola.


Diretor do escritório de tecnologia educativa dos Estados Unidos diz que não basta transferir conteúdo analógico para o digital 


O diretor do escritório de tecnologia educativa do Departamento de Educação dos Estados Unidos, Richard Culatta, afirmou na tarde desta sexta-feira, em São Paulo, que o principal desafio para acelerar as técnicas de aprendizado é produzir um conteúdo inovador e não apenas "requentar" aquilo que já está disponível hoje para os alunos.  Ele é responsável por um projeto do governo americano que tem US$ 1 bilhão de aporte para o seu início. "Queremos ser modelo nisso", disse ele.
Ele afirma que nos Estados Unidos também há uma desigualdade no ensino, de acordo com a região dos alunos. "Nos Estados Unidos há muitas lacunas. Estamos felizes com os novos padrões, é um desafio. Sou diretor do departamento de Educação, trabalhei no Senado. Há fotos minhas puxando cabos no meio da rua para conectar as escolas à internet pela primeira vez", disse ele.
Ele afirma que as pessoas não podem se deslumbrar com a tecnologia. "Por si só, ela não está tornando as coisas melhores. Vamos digitalizar toda a parte da experiência de aprendizado, mais cedo ou mais tarde. E se não tomarmos cuidado, vamos replicar justamente os formatos que temos hoje. Queremos criar uma visão nacional de como utilizar a tecnologia na educação. Uma visão de como devemos utilizar essa tecnologia para melhorar o aprendizado", afirmou.
Hoje temos um cenário com livros didáticos caros, professores não preparados, acesso à internet devagar. Os professores precisam de mais suporte e apoio
Richard Culattadiretor do Departamento de Educação dos EUA
Para ele, um dos fatores mais importantes, que deve ser levado em conta é personalizar a experiência do aprendiz. O diretor do escritório de tecnologia educativa do Departamento de Educação dos Estados Unidos, Richard Culatta, afirmou na tarde desta sexta-feira, em São Paulo, que o principal desafio para acelerar as técnicas de aprendizado é produzir um conteúdo inovador e não apenas "requentar" aquilo que já está disponível hoje para os alunos.  Ele é responsável por um projeto do governo americano que tem US$ 1 bilhão de aporte para o seu início. "Queremos ser modelo nisso", disse ele.

Ele afirma que nos Estados Unidos também há uma desigualdade no ensino, de acordo com a região dos alunos. "Nos Estados Unidos há muitas lacunas. Estamos felizes com os novos padrões, é um desafio. Sou diretor do departamento de Educação, trabalhei no Senado. Há fotos minhas puxando cabos no meio da rua para conectar as escolas à internet pela primeira vez", disse ele.

Ele afirma que as pessoas não podem se deslumbrar com a tecnologia. "Por si só, ela não está tornando as coisas melhores. Vamos digitalizar toda a parte da experiência de aprendizado, mais cedo ou mais tarde. E se não tomarmos cuidado, vamos replicar justamente os formatos que temos hoje. Queremos criar uma visão nacional de como utilizar a tecnologia na educação. Uma visão de como devemos utilizar essa tecnologia para melhorar o aprendizado", afirmou.

Hoje temos um cenário com livros didáticos caros, professores não preparados, acesso à internet devagar. Os professores precisam de mais suporte e apoio Richard Culatta, diretor do Departamento de Educação dos EUA
Para ele, um dos fatores mais importantes, que deve ser levado em conta é personalizar a experiência do aprendizado.  "A coisa menos igual que podemos fazer pelos alunos é tratá-los da mesma forma. Precisamos pensar em uma forma para garantir que estamos alavancando a tecnologia. O que temos hoje é que o calendário é mais importante do que a experiência dos alunos. Todos têm de chegar a 100% do aprendizado, mesmo que um demore mais do que o outro. Ritmo e tempo é ajustável. Está relacionado aos interesses dos alunos", afirma.

Segundo ele, são precisos dados mais efetivos para a personalização do aprendizado. "Hoje temos um cenário com livros didáticos caros, professores não preparados, acesso à internet devagar. Os professores precisam de mais suporte e apoio. E também é preciso oferecer aos alunos dispositivos a preços acessíveis a todos", diz.

O representante do governo americano participou de uma conferência do Bett, evento inglês que está entre os mais importantes do mundo na área de educação e tecnologia. Entre os palestrantes estão especialistas de ministérios da Educação, incluindo Brasil, México, Reino Unido e Costa Rica do.  "A coisa menos igual que podemos fazer pelos alunos é tratá-los da mesma forma. Precisamos pensar em uma forma para garantir que estamos alavancando a tecnologia. O que temos hoje é que o calendário é mais importante do que a experiência dos alunos. Todos têm de chegar a 100% do aprendizado, mesmo que um demore mais do que o outro. Ritmo e tempo é ajustável. Está relacionado aos interesses dos alunos", afirma.
Segundo ele, são precisos dados mais efetivos para a personalização do aprendizado. "Hoje temos um cenário com livros didáticos caros, professores não preparados, acesso à internet devagar. Os professores precisam de mais suporte e apoio. E também é preciso oferecer aos alunos dispositivos a preços acessíveis a todos", diz.
O representante do governo americano participou de uma conferência do Bett, evento inglês que está entre os mais importantes do mundo na área de educação e tecnologia. Entre os palestrantes estão especialistas de ministérios da Educação, incluindo Brasil, México, Reino Unido e Costa Rica.

Richard Culatta disse que o ensino precisa ser personalizado Foto: Vagner Magalhães / Terra
Richard Culatta disse que o ensino precisa ser personalizado
Foto: Vagner Magalhães / Terra

Software utiliza a neurociência para melhorar aprendizagem cognitiva.


Depois de mais de 15 anos de investigação, pesquisadores brasileiros, baseados em Sergipe, conseguiram desenvolver um software capaz de auxiliar o aprendizado de português e matemática de alunos do ensino fundamental que apresentam transtornos de aprendizagem. O grande diferencial do programa intitulado EnsCer (Ensinando o Cérebro) é que ele foi desenvolvido a partir do conhecimento neurocientífico sobre o processamento cognitivo cerebral dos próprios estudantes que tinham deficit de atenção ou dislexia, por exemplo.

Foi a partir da leitura dos mapas cerebrais dos alunos, com ajuda de eletrodos, aliado ao desenvolvimento de modelos matemáticos, que os pesquisadores conseguiram analisar as dificuldades específicas dos estudantes.
Depois que o aluno responde a uma série de questões de matemática e português, o software consegue indicar àqueles com transtornos de aprendizagem, um roteiro de assuntos que precisariam gastar mais tempo para melhor compreender. A partir daí, os estudantes têm acesso a uma série de exercícios e atividades complementares que os auxiliam na recuperação do conteúdo.
O primeiro piloto do projeto foi realizado com alunos que moram em um dos municípios mais miseráveis do Brasil: Santa Luzia do Itanhy, localizado a 86 km da capital sergipana. E os resultados em relação à melhoria da aprendizagem dos estudantes foram positivos.
Do total de 1.271 participantes, cerca de 30% apresentaram, em algum nível, um determinado tipo de transtorno de aprendizagem. Esses 382 alunos foram monitorados durante o ano letivo de 2010 e tiveram uma melhora de desempenho de 16% em português e 12% em matemática. Conforme relatório que resume os dados da pesquisa: “o resultado positivo pode ser constatado em 2010 e novamente no ano seguinte.  Além disso, professores relataram uma significativa melhoria no comportamento destes alunos, provavelmente decorrente do fato deles passarem a conseguir acompanhar os conteúdos das aulas”.
“Nós acreditamos piamente que a neurociência vai ajudar a educação. Quando se estuda o cérebro do ponto de vista neurofisiológico, dá para perceber que ele adota certos caminhos e certas conexões. Dependendo do tipo de problema neurocognitivo do aluno essas conexões podem adotar outros caminhos. Buscamos entender melhor esse processo para que dessa forma possamos conhecer as dificuldades de cada estudante”, explica  Saulo Barreto, cofundador e pesquisador do IPTI (Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação), instituição líder do projeto experimental e que também desenvolve uma série de tecnologia sociais em Sergipe. Todas elas criadas conjuntamente com os diferentes públicos-alvo a que se direcionam.
Com os resultados em mãos, foi observado não apenas um acréscimo no desempenho como também uma melhoria na autoestima dos alunos das séries iniciais do ensino fundamental de Santa Luzia. “Antes eles achavam que eram ‘burros’, mas com o sistema eles passaram a compreender melhor quais eram suas dificuldades e em que assuntos precisavam melhorar”, diz Barreto, que juntamente com outro pesquisador do IPTI, Fábio Rocha, comandou a implantação da iniciativa.
Próximo passo
Depois do resultado satisfatório do projeto experimental, a partir de 2012 os pesquisadores do IPTI decidiram reformular a plataforma do EnsCer com o objetivo de torná-la mais robusta. Está em processo de desenvolvimento no momento uma nova versão atualizada do software. Intitulada Synapse, o novo programa visa auxiliar alunos do ensino fundamental no processo de alfabetização. Ou seja, agora o foco não é apenas aqueles estudantes que têm transtornos de aprendizagem.
A ideia é, após o mapeamento das dificuldades dos alunos, sugerir materiais didáticos adequados a serem trabalhados em cada sala de aula. Para tanto, a participação do professor das escolas de Santa Luiza – que servirão novamente de laboratório –  será fundamental. “Antes nosso trabalho era feito apenas no contraturno e com um contato mais direto com o aluno, agora queremos ir para dentro das salas de aulas e levar essa ferramenta ao professor. Mas sabemos que uma mudança dessa exige paciência e sem o apoio dos educadores não podemos chegar a lugar algum”, fala Barreto.
Para o próximo passo da empreitada, já foram selecionados 150 alunos divididos em seis turmas, todos eles estudantes do 1o ano do fundamental de quatro escolas da cidade. A ideia é testar a plataforma com esses alunos e comparar os resultados obtidos por eles com os de outros estudantes que não participarão da pesquisa. A plataforma estará acoplada a um outro software de gestão escolar, incluindo dados de frequência e desempenho, tudo isso para melhor facilitar a leitura dos resultados pelos professores. O monitoramento começará, no entanto, apenas a partir do próximo ano letivo. “Nosso sonho é que cada aluno possa aprender aquilo que ele deve aprender na sua respectiva idade. Esperamos depois de colher os resultados, levar, nos próximos anos, essa tecnologia social a escolas de outros 4.900 municípios que possuem menos de 50 mil habitantes”, fala Barreto.

Fonte: http://www.ticeduca.com.br/i

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

EaD: Vantagens e desvantagens


Clique na imagem para mais informações:

Os custos de desenvolvimento são apontados como uma das principais desvantagens do ensino ou educação a distância. A adaptação de conteúdos didáticos a novas mídias com recursos audiovisuais requer muitas vezes que o professor trabalhe em parceria com especialistas, e isto torna a mão de obra mais cara.


Porém, esse custo pode passar a ser considerado vantajoso, se o universo beneficiado for grande. Se um mesmo material produzido for utilizado por uma quantidade considerável de pessoas durante um ano, por exemplo, facilmente paga-se o investimento.

Vive-se hoje em meio a um rápido avanço tecnológico em todos os segmentos. A informática e as telecomunicações estão inseridas cada vez mais nas tarefas do dia-a-dia. Quer na vida profissional quer pessoal, o ser humano serve-se freqüentemente desse suporte tecnológico muitas vezes até sem perceber.

O e-learning também pode e deve beneficiar-se das tecnologias contemporâneas, a fim de oferecer um ensino sintonizado com as reais necessidades do mundo moderno. Se antes ensino a distância era visto com preconceitos, hoje é uma questão de cultura adotar modalidades de EaD, pois o uso do computador é imprescindível em quaisquer ambientes.

Comparações entre ensino presencial e não presencial merecem ser sempre analisadas, ainda que se saiba da necessidade premente de a EaD tornar-se habitual nos dias de hoje. Ambas as modalidades de ensino, presencial e a distância, apresentam vantagens e desvantagens. Quando combinadas, porém, oferecem excelentes resultados.

A questão de discussões dessa natureza não é dizer qual modalidade de ensino é melhor ou pior para o aluno aprender. Sabe-se que o aprendizado ocorre tanto presencialmente como a distância. O desafio hoje diz respeito a como modificar o processo de ensino-aprendizagem convencional, introduzindo formas de ensino-aprendizagem inovadoras, tanto em ambientes presenciais como a distância.

A tecnologia é uma ferramenta, e não uma estratégia. O consumidor hoje é muito bem-informado, consciente e exigente. Está acostumado a solicitar alta qualidade nos serviços que lhe são prestados. Também o investimento financeiro constitui um fator relevante em sua cultura.

Esse consumidor já tem capacidade de discernir, por exemplo, quando é preferível comprar um produto numa loja de R$ 1,99 e quando não é. Da mesma forma, esse mesmo consumidor também já vem percebendo que a EaD é um processo educativo de valor indiscutível, sobretudo nos dias de hoje.

Parte do texto a seguir foi extraído do livro Educação a distância: algumas considerações, de Cláudia Landim. Este livro foi editado em 1997, mas permanece atual sempre, uma vez que aborda aspectos fundamentais da EaD, úteis em todos os tempos. 




Principais vantagens


Abertura
A EaD permite atender a um público muito maior e mais variado que os cursos presenciais. Promove eliminação ou redução de barreiras de acesso a cursos ou níveis de estudo, bem como diversificação e ampliação da oferta de cursos. Oferece oportunidade de formação adaptada às exigências atuais, principalmente a pessoas que não puderam freqüentar escolas tradicionais ou que não teriam como voltar a continuar a estudar sem a EaD.


Flexibilidade
A EaD atende pessoas ocupadas, sem disponibilidade de horários e otimiza o tempo livre. Tempo e conveniência são fatores relevantes no atual universo globalizado, caracterizado pelo excessivo acúmulo de atribuições e tráfego intenso nos grandes centros urbanos. EaD implica ausência de rigidez quanto a requisitos de espaço (onde estudar?), assistência às aulas e tempo (quando estudar?) e ritmo (em que velocidade aprender?). Promove uma eficaz combinação de estudo e trabalho. Permite a permanência do aluno em seu ambiente profissional, cultural e familiar. Oferece formação fora do contexto da sala de aula tradicional.


Inclusão Social
A EaD pode ser considerada uma ferramenta de inclusão social, pois beneficia eficazmente pessoas portadoras de deficiências físicas graves como paralisia, por exemplo, que não podem sair de casa com facilidade. Com a EaD, essas pessoas ganham a oportunidade de estudar.


Eficácia
Propõe que o aluno constitua o centro do processo de aprendizagem, sendo sujeito ativo de sua formação, vendo respeitado seu ritmo próprio de aprender. Oferece formação teórico-prática que se relacione à experiência do aluno e, principalmente, à atividade profissional que deseja melhorar. Baseia-se em conteúdos instrucionais elaborados por especialistas. Utiliza recursos multimídia e comunicação bidirecional freqüente para garantir uma aprendizagem dinâmica e inovadora.Formação permanente e pessoalProporciona atendimento a demandas e aspirações de diversos grupos, através de atividades formativas ou não. Trabalha o aluno no sentido de torná-lo ativo no desenvolvimento de iniciativa, atitudes, interesses, valores e hábitos educativos. Capacita para o trabalho e superação do nível cultural de cada aluno em particular.EconomiaPermite economia em escala, reduzindo custos em relação aos de sistemas presenciais de ensino: elimina pequenos grupos, evita gastos com locomoção, evita abandono do local de trabalho para o tempo extra de formação. A economia em escala supera os altos custos iniciais.


Atualização constante de conteúdo
Existe uma grande vantagem na EaD, em relação à possibilidade de constante revisão e atualização do conteúdo programático, principalmente comparando-se a dados contidos em livros que, além de não aceitarem atualizações, tornam-se rapidamente ultrapassados.






Principais desvantagens ou limitações

Alega-se falta de interação e empobrecimento da troca direta de experiências proporcionada pela relação educativa pessoal entre professor e aluno. Alega-se também limitação em se alcançar o objetivo da socialização, devido às escassas ocasiões para interação de alunos com o docente e entre si.

>>> De fato, havia perdas na EaD de antigamente, cujo principal meio de comunicação era o tradicional correio. Com o largo uso da internet, porém, não existe mais este problema. Para um jovem em desenvolvimento o contato humano é realmente importante, mas na EaD pela internet a falta de contato físico não pode ser vista como algo que torne o ensino menos efetivo ou pior. A socialização existe, sim. Há salas de bate-papo ou chats, inclusive com videoconferências. Com o uso da webcam, os participantes não são mais apenas nomes na tela do computador; eles têm rostos. A relação professor-aluno também se beneficia com a EaD, pois muitas vezes existe até maior liberdade para o aluno levantar dúvidas, já que não há inibição de falar na frente de uma classe inteira.



Alega-se limitação em se alcançarem os objetivos das áreas afetiva/atitudinal e psicomotora, exceto em momentos presenciais previamente estabelecidos para o desenvolvimento supervisionado de habilidades manipulativas.

>>> Nesta questão, cabe apenas o discernimento do que pode ou não ser trabalhado na modalidade de EaD. Em relação a conteúdos passíveis de serem trabalhados a distância, os objetivos de qualquer curso são alcançados à medida que se trabalham as competências que se propõe a desenvolver. Competências referem-se a um saber-agir complexo, resultante da integração, mobilização e agenciamento de conhecimentos, capacidades e habilidades de ordem cognitiva, afetiva, psicomotora ou social. O processo de auto-avaliação contínua prevê, sobretudo, o acompanhamento da progressão da aprendizagem, bem como do nível de aquisição da competência necessária.



Alega-se lentidão na retroalimentação ou feedback e naretificação de possíveis erros.

>>> Os atuais meios tecnológicos são aprimorados a cada dia, sobretudo no sentido de minimizar ao máximo inconvenientes dessa natureza.



Alega-se a necessidade de se elaborar um rigoroso planejamento a longo prazo, evidenciando possíveis desvantagens, sem contudo subestimar a vantagem de um repensar e um refletir por mais tempo.

>>> Qualquer planejamento de curso requer análise de riscos e previsão de eventuais mudanças de rota.



Alega-se a necessidade de o aluno possuir, para determinados cursos, um elevado nível de compreensão de textos e saber utilizar recursos de multimídia.

>>> Também em cursos presenciais, nem sempre o aluno atende a todos os pré-requisitos necessários.



Alega-se que resultados de avaliação a distância são menos confiáveis do que em ambientes presenciais, considerando-se as oportunidades de fraude.

>>> Fraudes podem ocorrer também na modalidade presencial, mas a avaliação em práticas educativas a distância são geralmente trabalhadas com base em critérios de auto-avaliação contínua.



Alega-se que o processo de ensino e aprendizagem limita-se à mera transferência de conteúdos, ou que a EaD proporciona simplesmente algo mais do que instrução ou transferência de conteúdos.

>>> Está comprovado que materiais didáticos bem elaborados podem levar o aluno a "aprender a aprender", desde que haja a devida orientação. Isto é válido tanto para ambientes físicos, quanto virtuais



Alega-se que há homogeneidade de materiais instrucionais, ou seja, todos aprendem o mesmo, por um só pacote instrucional, conjugado a poucas ocasiões de diálogo aluno/docente.

>>> A moderna EaD trabalha com materiais que proporcionam a espontaneidade, a criatividade e a expressão das idéias do aluno.



Alega-se que existem ocorrências de numerosos abandonos, deserções ou fracassos por falta de um bom acompanhamento do processo.

>>> De fato, a ambição de se pretender alcançar muitos alunos pode provocar tais ocorrências. Porém, há necessidade de se fazer a devida distinção entre "abandono real" e "abandono sem sequer ter havido início". Toda tutoria em EaD é orientada no sentido de acompanhar o aluno de forma contínua.



Alega-se a constatação de custos muito altos para a implantação de cursos a distância.

>>> É indiscutível a economia de tal modalidade educativa, tanto para o aluno, quanto para a instituição de ensino. Para esta última, podem ser altos os custos iniciais, mas se bem administrados, podem ser considerados investimentos, e não gastos.
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Alega-se que os serviços administrativos são, geralmente, mais complexos que no ensino presencial.

>>> De fato, são. Porém, permitem uma melhor administração de tempo e conseqüente melhora organizacional.


Referências:
LANDIM, Claudia Maria Ferreira. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro: s/n, 1997.
 

Obtido de http://eadnaoformal.blogspot.com.br/

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

SISTEMATIZAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DE MENSAGENS EM FÓRUNS


Para citar:
CHAMOVITZ, Ilan. Sistematização Empírica do Processo  para Avaliação de Mensagens em Fóruns Educacionais Orientados à Tarefa. In: Aplicação do Modelo de Hierarquia Fuzzy COPPE-Cosenza para a Avaliação de Grupos Operativos em Fóruns Educacionais na Internet, Anexo VI. Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia de Produção, 2010.
SISTEMATIZAÇÃO EMPÍRICA DO PROCESSO  PARA AVALIAÇÃO DE MENSAGENS EM FÓRUNS EDUCACIONAIS ORIENTADOS À TAREFA


Situações encontradas em fóruns de discussão

O planejamento do uso de fóruns de discussão em educação envolve várias fases.  A partir das experiências apresentadas e das informações analisadas, sugere-se a execução das seguintes atividades:
1. Definir os objetivos do fórum, geral e específico – Nesta etapa, o objetivo principal do fórum deve ser estabelecido. Deve-se questionar “para que” será realizado o fórum, quais os objetivos geral e específico.
2. Definir participantes e, se for o caso, papéis – Se houver mais de um grupo, devem ser definidos os participantes de cada grupo e o papel de cada participante: debatedor, moderador, líder, relator.
3. Definir a tarefa – a tarefa a ser estabelecida não deve ser confundida com o objetivo do fórum.  A tarefa serve como estímulo, faz parte do processo, da atividade do fórum. Durante a persecução da tarefa, mensagens são trocadas e podem ser analisadas.
4. Estabelecer critérios de avaliação e escala – Devem ser definidos quais os critérios serão levados em consideração para a avaliação das mensagens. Além disso, a escala para cada critério deve ser indicada.
5. Definir o período de duração – o período de duração para a troca de mensagens deve ser estabelecido levando-se em consideração a intensidade de comunicação esperada.  Se o grupo é altamente comunicativo e o período para o debate for  longo, haverá uma quantidade grande de mensagens para serem avaliadas, resultando em possível cansaço durante a avaliação das mensagens.
6. Definir limites para a postagem de mensagens -  Em alguns fóruns são estabelecido um número máximo de mensagens para cada participante; em outros, não existe limite.  Neste caso, pode haver uma prevalência de um participante perante os demais, e pode ser equilibrada pelo moderador.   Outro limite que pode ser imposto é o tamanho da mensagem:  alguns fóruns impõem um tamanho máximo de mensagem.  Desta forma, tenta-se diminuir a complexidade da análise, evitando que várias mensagens possam estar inseridas em uma só, o que representaria uma dificuldade maior para os avaliadores.
7. Estabelecer a unidade para o corpus para a avaliação –  Para a avaliação pode-se dividir a  mensagem em frases ou utilizar toda as frases em um só texto.
8. Estabelecer a sequência para a avaliação ( sequencial ou por autor) – Pode-se avaliar mensagem por mensagem, de forma sequencial, ou todas as mensagens de um determinado autor seguida do grupo de mensagens de outro autor, e assim por diante.
9. Estabelecer o período para a avaliação e se existem limites para revisitação -  O período para a avaliação deve ser estabelecido de acordo com o tamanho do corpus definido, ou seja, não faz sentido definir um prazo curto para avaliar uma quantidade grande de mensagens.  Além disso, deve-se considerar, também, o perfil dos avaliadores, com seus horários disponíveis: alguns só podem avaliar em um final de semana, outros em um dia específico da semana.
10. Exportar o banco de dados após a avaliação:  os dados resultantes da análise devem poder ser exportados (recuperados, armazenados para possível acesso)  para algum sistema computacional.
11. Importar em uma ferramenta (por exemplo, Excel ou SPSS) -  A utilização de sistemas computacionais facilitará a análise dos dados, que poderá utilizar a estatística clássica ou outros modelos, como por exemplo a lógica fuzzy.
12. Realizar os testes de consistência interna e externa – Testes de consistência podem identificar incoerências, avaliações com resultados duvidosos (por exemplo, um avaliador que atribui a todas as mensagens o mesmo valor).
13. Preparar um relatório –  O relatório deve conter a avaliação dos participantes e, também pode apresentar a avaliação do fórum.  Sugere-se a utilização de tabelas e gráficos, para complementar a descrição da performance dos estudantes e dos grupos.

Cursos do MIT e de Harvard chegam à web em português.


Portal Veduca reúne centenas de vídeo-aulas de instituições como Harvard e MIT, legendadas em português e com acesso gratuito.

São Paulo – Uma das maiores vantagens da internet é justamente o fato de se ter em mãos absolutamente todos os tipos de informação. Se existe um espaço enorme a ser explorado na web é o da educação. E no Brasil há um portal que chama a atenção pela maneira com a qual se propõe a democratizar o conhecimento no país, o Veduca.
Inaugurado em maio de 2012, o site reúne dezenas de vídeo-aulas de instituições renomadas como Harvard e Massaschusetts Institut of Technology (MIT) e, mais recentemente, também a Universidade de São Paulo (USP). Mas o melhor de tudo é que, além de ter acesso gratuito, todo o conteúdo exibido no portal está, aos poucos, sendo legendado para o português.
Atualmente, das mais de 5 mil aulas disponíveis no site, 250 já possuem o recurso. Até o fim do ano, a intenção da equipe é traduzir mais 1.500 vídeos. “A ideia do Veduca é democratizar a educação através das de aulas das melhores universidades do mundo” explicou o fundador da empresa, Carlos Souza.
E o primeiro passo pra isso é, sem dúvidas, fazer com que tais aulas sejam compreendidas pela população que não tem domínio da língua inglesa. Pelo menos não a ponto de acompanhar com tranquilidade uma aula de Direito ministrada em Harvard, por exemplo.
O cadastro no site, que hoje conta com cerca de 350 mil visitantes únicos por mês, pode ser feito rapidamente. Mas o interessante é que cada pessoa cadastrada pode ser mais que mero espectador das aulas de universidades renomadas.
Também é possível participar se voluntariando para colocar as legendas em português nos vídeos. “Começamos com 10 pessoas contratadas para fazer especificamente isso e hoje temo mais de 200 trabalhando voluntariamente”, contou.
A navegação no Veduca é muito simples e intuitiva. Basta procurar as aulas de interesse através de palavras chave que aparecem já na página inicial, pela instituição desejada ou pela busca por termos. E o recurso que permite esta última modalidade de pesquisa é, inclusive, uma patente da empresa.
Ao digitar uma palavra na barra de buscas, o algoritmo desenvolvido pela equipe do Veduca procura pelo termo dentro dos vídeos. Então, ao clicar na aula desejada, o usuário é direcionado de maneira automática ao ponto da aula em que o Professor menciona o termo pela primeira vez. 
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